Em meio a muitas
idas e vindas, o Índice Bovespa conseguiu recuperar parte das perdas dos
últimos dias e fechou com ganho de 0,99% nesta sexta-feira, aos 95.343,10
pontos. A semana que parecia promissora, com o índice aparentemente caminhando
para os 100 mil pontos, sucumbiu diante de notícias negativas no Brasil e no
exterior. Com isso, encerrou o período com perda acumulada de 2,57%.
No exterior, retornaram aos mercados os temores de guerra comercial entre
Estados Unidos e China e de desaceleração da economia global, justificados por
indicadores econômicos fracos na Europa. No Brasil, o maior ceticismo com a
reforma da Previdência, somado a preocupações com a saúde do presidente Jair
Bolsonaro contribuíram para as ordens de venda. Além disso, a Vale teve novas
notícias negativas relacionadas às suas barragens, o que levou o papel a
amargar perdas de 6,68% na semana.
Vale, aliás, foi o principal destaque desta sexta-feira. O papel subiu 3,77% no
dia, numa arrancada brusca período da tarde, atribuída a um movimento
essencialmente técnico, segundo operadores.
“O viés de alta da Bolsa continua, o caminho é esse. Não fossem os
problemas da Vale, o índice poderia ter batido os 100 mil pontos na semana
passada. Mas o noticiário desta semana também não ajudou, com o presidente dos
Estados Unidos trazendo novas incertezas quanto às relações comerciais com a
China e a saúde do presidente brasileiro favorecendo especulações”, disse
Pedro Galdi, analista da corretora Mirae. Embora o cenário se apresente mais
adverso, Galdi não descarta a chegada aos 100 mil pontos ainda em fevereiro.
Galdi e outros profissionais do mercado afirmam que o Ibovespa passa por um
momento de falta de referências para oscilar, dadas as incerteza e a
expectativa por definições. A principal delas está na reforma da Previdência,
não apenas no teor, que depende de avaliação e decisão final de Bolsonaro, como
também do prazo de tramitação, que tem sido alvo das mais diversas avaliações.
À tarde, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que trabalha
com a expectativa de que a Casa aprove a reforma até junho.
Ao final do dia, a alta do Ibovespa foi atribuída a uma combinação de fatores.
O principal, segundo operadores, foi a recuperação natural das perdas recentes.
A alta da ação da Vale também contribuiu. A notícia de que o presidente Jair
Bolsonaro reagiu satisfatoriamente ao tratamento com antibióticos no combate à
pneumonia foi outro fator positivo, por melhorar as perspectivas de alta
hospitalar e o retorno do presidente à rotina – leia-se reforma da Previdência.
Por fim, uma melhora das bolsas de Nova York, mesmo que ainda em baixa, também
favoreceu a recuperação. (Paula Dias – paula.dias@estadao.com)